A Preciosa Guirlanda 17 – Cap 16 Os onze sinais da santidade
- Ter pouco ciúme e orgulho é um sinal de santidade.
- Ter poucos desejos e saber contentar-se com objetos de qualidade inferior, é um sinal de santidade.
- Não ter orgulho, soberba, nem ostentação é um sinal de santidade.
- A ausência de hipocrisia e de dissimulação é um sinal de santidade.
- Em qualquer ação, examiná-la com atenção e cumpri-la com circunspecção e determinação é um sinal de santidade.
- Manter a disciplina de conduta como se preserva a pupila dos olhos é um sinal de santidade.
- Manter os votos e os engajamentos de iniciação, pública e privadamente, é um sinal de santidade.
- Considerar com imparcialidade equânime todos os seres e permanecer fiel aos amigos é um sinal de santidade.
- Suportar sem se irritar os atos nocivos dos outros é um sinal de santidade.
- Permitir que o outro triunfe, tomando a derrota é um sinal de santidade.
-
Diferir, em pensamentos e comportamento, dos seres apegados ao mundo é um sinal de santidade.
Os onze sinais de santidade – Comentários de Khenpo Karthar Rinpoche
A próxima relação é dos onze sinais ou indicações de santidade. A primeira destas situações é, não importa se uma pessoa é jovem ou velha, homem ou mulher, se essa pessoa sente pouca inveja ou pouco orgulho, então ele ou ela é um ser santo ou genuíno.
Segundo, se alguém tem muito poucos desejos e apegos por prazeres e posses, e está satisfeito com coisas simples e em pouca quantidade, esta é uma indicação que ele ou ela é uma pessoa santa.
Terceiro, se uma pessoa é desprovida de ostentação, vaidade e arrogância, isto é sinal de que ele ou ela é uma pessoa santa.
Quarto, se uma pessoa é desprovida de hipocrisia e tem o mesmo comportamento em público e em privado, isto é um sinal de que ele ou ela é uma pessoa santa. Uma pessoa hipócrita, por exemplo, é extremamente pacífica, submissa, adequada, cuidadosa e atenciosa na presença de outros, mas quando está só ou entre poucas pessoas que ela sente que pode confiar, é bruta, descontrolada e indisciplinada. Quem é genuíno ou santo, é o mesmo, não importa quem está ao redor porque essas qualidades estão presentes naturalmente na mente dela. A pessoa hipócrita parecerá boa quando está cercada por outros, porque está tentando parecer boa, mas como ela não possui as qualidades verdadeiras de ser pacífica e submissa, ela é indisciplinada, quando não há alguém próximo.
Quinto, em qualquer ação que alguém se envolve, feita conscientemente, com prévia consideração e executada com atenção plena, isto é um sinal que ele ou ela é uma pessoa santa.
Sexto, se alguém se prende em vista dos resultados das ações com o mesmo cuidado com que cuidaria de seus olhos, isso é uma indicação que ele ou ela é santo ou genuíno. “Prender-se aos resultados das ações” significa que uma vez que você está confiante que uma má conduta leva ao sofrimento, você se abstem de todas as más condutas; e uma vez que você está confiante que a virtude ou as ações benéficas levam à felicidade, você defende a prática da virtude, fazendo com que ela floresça e não seja prejudicada. O nível de adesão a esses dois modelos de conduta, respectivamente [evação/prevenção] e cultivo, é comparado com a quantidade de urgência e cuidado com que você protegeria seus olhos se algo estivesse para atingi-los e danificá-los.
Sétimo, se alguém não faz distinção entre situações públicas e privadas em relação aos votos e samayas, isso é uma indicação que ele ou ela é uma pessoa santa ou genuína. Tal pessoa observa os requisitos de qualquer disciplina que tenha sido empreendida por toda sua vida, ou por qualquer período de tempo que o compromisso foi feito, e o fará não importa quem está ao redor para ver, não importa se as condições que sustentam tal disciplina estão presentes ou não, e não importa se as condições que podem levar ao enfraquecimento de tal disciplina estão presentes ou não.
Oitavo, não ter parcialidade em relação aos seres sencientes e não diferenciar entre velhos amigos e novos amigos é sinal de santidade. Parcialidade significa pensar que estas pessoas ou estes seres estão do meu lado e aquelas pessoas ou aqueles seres estão do outro lado, e portanto, ter mais compaixão para alguns do que por outros. A palavra tibetana “sar drok” literalmente significa “novos amigos”, mas significa prestar mais atenção a novos amigos. Quando você conhece pessoas, no início você as considera encantadoras, você sorri para elas o tempo todo, e você é atencioso e gentil com elas; mas a medida que você continua e as conhece por um longo período de tempo, o sorriso começa a desaparecer e sua atenção para o bem estar delas começa a diminuir. Uma pessoa santa ou genuína é a mesma com as pessoas com quem se associa, desde o momento em que é apresentada até o último momento que as vê.
Nono, é sinal que alguém é santo ou genuíno se ele ou ela não fica irritado(a) com as transgressões dos outros, mas é paciente com elas. Geralmente, quando ouvimos falar ou vemos pessoas fazendo algo que consideramos moralmente incorreto, tendemos a gerar a atitude, “Essas pessoas são malignas. Elas são pecadoras. Elas são más. Oh, elas matam animais! Elas fazem isso; elas fazem aquilo”. Você sente compaixão pelos seres que foram maltratados, mas não por aqueles que fizeram o mal. Uma pessoa santa ou genuína terá compaixão por ambos, e sobretudo pelas pessoas que estão fazendo o mal.
Décimo, é uma marca inconfundível de uma pessoa santa ou genuína quando alguém cede todos ganhos e vitória para os outros e toma toda perda e derrota para si mesmo.
Finalmente, e em resumo, se a maneira de pensar ou a intenção com que alguém age, e a maneira de agir, são totalmente diferentes e superiores à maneira mundana habitual, isso é um sinal de uma pessoa santa ou genuína.
Essas são as onze indicações ou marcas de uma pessoa santa. Não é tanto o caso de que por meio desses onze sinais você possa determinar quem mais é uma pessoa santa, mas se você aplicá-las para si mesmo, você pode descobrir rapidamente se você é santo ou não. Às vezes as pessoas dizem, “Não sei se eu realmente quero atingir o estado búdico ou não. Você é um Buda? Como é?” Não há nada errado com essa pergunta. Faz muito sentido, porque, além da palavra “Buda” ou “sangye”, nós realmente não sabemos muito sobre isso. Não sabemos o que a palavra significa, quais são as qualidades de um Buda, ou em que exatamente consiste o caminho que conduz ao estado de Buda.
A função desse tipo de instrução é lhe dar alguma idéia de quais qualidades realmente fazem um Buda tão grande, qual é a natureza do caminho, e exatamente o que está acontecendo para alguém que está nesse caminho. Se você não sabe nada a respeito dessas coisas – qual é o resultado ou o que é o caminho – então, é claro, você não terá nenhuma confiança no caminho e não terá nenhuma idéia se você quer fazer essa viagem. No entanto, se por meio desse tipo de instrução você gera uma compreensão confiante do que acontece no caminho, quais são os resultados, e porque um buda é supremo entre os seres, então você naturalmente desenvolverá um grande interesse em seguir por esse processo.