A Preciosa Guirlanda 25 – Cap 23 As Dez Coisas Dispensáveis

Essas são as dez coisas dispensáveis:

  1. Se se realizou que a própria mente é a vacuidade, não é mais necessário praticar a escuta e a reflexão;
  2. Se se realizou que a mente é desprovida de mácula, não é mais necessário praticar a purificação dos atos nocivos.
  3. Se se permanece no caminho natural, não é mais necessário praticar as duas acumulações.
  4. Se se mantém a mente em seu estado natural, não é mais necessário utilizar o caminho dos meios e da meditação.
  5. Se se realizou que os pensamentos são dharmata, não é mais necessário meditar na não-concepção.
  6. Se se reconhece as emoções perturbadoras como sendo desprovidas de raízes, não é mais necessário utilizar os antídotos.
  7. Se se realizou que os fenômenos visuais e auditivos são ilusões, não é mais necessário rejeitá-los ou conferir-lhes uma realidade.
  8. Se o sofrimento é reconhecido como siddhi, a busca por prazer é desnecessária.
  9. Se se reconheceu que a mente é não-nascida, não é mais necessário praticar a transferência de consciência.
  10. Se tudo o que se faz é para o benefício dos outros, a preocupação com o próprio benefício é desnecessária.

As dez coisas dispensáveis – Comentários de Khenpo Karthar Rinpoche

Agora chegamos às dez coisas dispensáveis.

Primeiro, quando você alcança a experiência direta da vacuidade da mente, a escuta e reflexão sobre o dharma são desnecessários. Realizar isso é muito diferente de apenas compreendê-lo.

Segundo, quando você reconhece sua consciência como imaculada, já não é necessário purificar os atos nocivos.

Terceiro, quando você permanece no caminho natural último, então a reunião intencional das acumulações já não é necessária, porque você atingiu ou está atingindo o resultado e a essência dessas acumulações.

Quarto, se você permanecer no estado natural da mente e por esse intermédio reconhecer e realizar sua essência, não é necessário meditar usando outros métodos.

Quinto, quando você reconhece os pensamentos tais como são, já não é necessário meditar no não pensamento ou na ausência de pensamento. Não é mais necessário tentar bloquear o pensamento.

Sexto, quando as aflições mentais são reconhecidas como desprovidas de raízes e sem fundamento, já não é necessário utilizar os antídotos.

Sétimo, quando todas as aparências e sons são realizados como ilusões mágicas, já não é necessário tentar cessar alguns e tentar realizar outros. Tendo realizado todos os fenômenos como sendo de natureza única, não há nenhuma preferência ou distinção entre os diferentes fenômenos.

Oitavo, quando o sofrimento é reconhecido como realização ou siddhi, é desnecessário a busca por prazer.

Nono, se a mente é percebida como não nascida, é desnecessário para qualquer pessoa, no momento da morte fazer powa ou a transferência de consciência.

Décimo, se tudo que você faz com seu corpo, palavra e mente é feito para o benefício dos outros, não há necessidade de fazer mais nada para seu próprio benefício, porque o um está incluído no outro.

Estas são as dez coisas que não são mais necessárias.

Esta lista das dez coisas desnecessárias é dirigida àqueles com visão superior e a mais perfeita conduta: aqueles que realizaram as qualidades do caminho superior.