Bodhisatvacharyavatara 24 – Como subjugar as emoções perturbadoras?

 

Atenção é vida; desatenção é morte.

No ensinamento de hoje, foram tratados os versos 36 a 47 do Capítulo 4: Aplicar a Bodhicitta. (Incentivamos que o capítulo seja lido antes de ouvir os ensinamentos e também depois – clique aqui para acessar o texto).

A esta altura, não há mais dúvida que as emoções perturbadoras são causas de sofrimento. Contudo, a questão que emerge é: como eliminá-las?

Nesses versos finais do capítulo 4, Shantideva destaca o tipo de determinação necessário para enfrentarmos as emoções perturbadoras, usando analogias ele nos ensina a importância da paciência e da diligência no processo em que gradualmente vamos nos tornando capazes de reconhecer as emoções e de não nos identificarmos com elas. Já nos comentários,  a meditação de calma mental (shinê) é indicada como a prática que desenvolverá essa capacidade.

 

[36-38] Por isso, não baixarei os braços até ver estes inimigos aos meus pés, completamente aniquilados. Por uma coisa de nada, os orgulhosos são capazes de perseguir um adversário e nem dormem enquanto não o esmagam. Na frente de batalha desferem golpes terríveis a uns infelizes que, de qualquer modo, a natureza já tinha condenado ao suplício da morte. Querem lá saber das dores, das feridas, das flechas e das lanças! Sem darem as costas, continuam sempre até vencer. E eu, que me ergui para vencer os meus inimigos naturais, autores constantes de todas as minhas dores, por que razão me deixo levar pelo desespero e pelo abatimento, mesmo à custa de centenas de misérias?

[39] Há quem exiba as inúteis cicatrizes feitas pelos inimigos. Como posso eu, que me levantei para realizar um alto feito, desanimar perante os sofrimentos?

[40] Os párias, os lavradores e os pescadores, com a mente concentrada nos meios de subsistência, são capazes de suportar o calor, o frio e todas as outras misérias. Porque eu não hei de suportá-los também, para o bem do mundo?

[41] Decidi libertar das emoções negativas o mundo inteiro, nas dez direções do espaço, mas nem sequer libertei a mim!

[42] Errei ao apreciar o meu valor, falei como um insensato; mas agora, esforçar-me-ei sem parar e, sem voltar atrás, destruirei as emoções negativas.

[43] Serei um guerreiro implacável, obcecado com uma única idéia: perseguir com ódio feroz todo e qualquer emoção [negativa], menos a emoção de acabar com todas [elas].

[44] Que seja queimado vivo, que caia a cabeça cortada, mas nunca mais me vergarei perante estes inimigos que são as emoções negativas!

[45] Um inimigo expulso pode encontrar asilo noutra parte, reunir forças e voltar a atacar; mas para o inimigo chamado emoção negativa, não existe tal refúgio.

[46] Depois de escorraçado, em que lugar poderia este hóspede da minha mente preparar a minha ruína? A minha única asneira é ser indolente. As emoções negativas não passam de vil canalha que foge à vista da sabedoria.

[47] As emoções negativas não vivem nos objetos e não vivem nos sentidos, nem tão pouco no intervalo, nem em parte alguma. Onde estarão instaladas para atormentar o mundo inteiro? Simples ilusões! Oh, minha mente, abandona todo o receio e esforça-te até à sabedoria! Porque te atormentas desnecessariamente nos infernos?