Taranatha – A Essência da Ambrosia 10 – Contemplações 13 e 14
Os ensinamentos de hoje tiveram início com a apresentação do Shangpa Gurtso, que é a coleção da biografia e dos cantos de realização dos mestres da Linhagem Shangpa. Hoje foi apresentada a biografia e um canto de realização de Rahula Gupta.
Na sequência, tivemos ensinamentos e comentários sobre as contemplações 13 a 14, que têm como objeto o sofrimento nos reinos dos espíritos ávidos e dos animais.
Contemplação 13
O Reino dos Fantasmas Famintos
- Fantasmas Famintos Vivendo Espalhados por aí: existem incontáveis fantasmas famintos que se movem através do espaço sobre a terra e debaixo da terra. Se tivesse clarividência seria capaz de perceber que que os fantasmas famintos estão em todos os lugares. Eles são incapazes de simplesmente encontrar um lugar para viver. Existem alguns poucos com grandes poderes milagrosos que são de certo modo felizes. Mas a maioria deles experimenta um grande sofrimento. O grande Sutra Um Lugar (ou Posicionando-se) Próximo da Atenção Plena menciona 36 tipos de fantasmas famintos. Se resumirmos, existem 3 tipos principais: aqueles com obscurecimentos exteriores, aqueles com obscurecimentos interiores e aqueles com obscurecimentos associados com alimentos e bebidas.
- Fantasmas Famintos com Obscurecimentos Exteriores: por muitos anos esses fantasmas famintos são incapazes de encontrar alimento e bebida. De tempos em tempos eles vêem montes de comida ao longe, mas quando eles chegam perto, não resta nada. Algumas vezes eles vêem um rio enorme, mas quando chegam na margem ele está seco e não há nada a não ser areia e o fundo pedregoso do rio. Algumas vezes uma árvore verdejante carregada de frutos aparece bem diante deles, mas quando chegavam próximos dela, tudo está seco. Algumas vezes a comida fica guardada por muitos demônios que os impedem de pegá-la.
- Fantasmas Famintos com Obscurecimentos Interiores: suas bocas são do tamanho do buraco de uma agulha. A princípio eles são incapazes de comer ou beber qualquer coisa. Quando finalmente um pouco de comida consegue penetrar ela se perde na enorme cavidade interna de suas bocas. Se um pouco de líquido penetra ele imediatamente se seca pelo veneno que há na saliva deles. Se eles conseguem uma maneira de colocar para dentro algum alimento ou líquido, normalmente eles não passam pela garganta que é tão estreita quanto a corda de um arco. E mesmo se alguma quantidade consegue passar, uma vez que seus estômagos são do tamanhos de montanhas, eles nunca são satisfeitos.
- Fantasmas Famintos que tem Obscurecimentos Associados com Comida e Bebida: qualquer comida ou bebida que esses fantasmas tentem ingerir se transforma em fogo que queima o interior de seus corpos. Além disso, tudo que eles conseguem encontrar para comer são coisas desagradáveis que fazem com que eles sofram como: carvões quentes, fezes, urina, pus e sangue. Eles nunca encontram nada bom para comer.
Em geral todos esses fantasmas famintos sofrem constante e insuportavelmente de fome e sede. Eles não têm roupas, então se queimam quando está quente e congelam quando está frio. No inverno, mesmo a luz do sol é sentida gelada. No verão, mesmo a luz da lua os queima. Quando chove eles percebem as gotas como carvões quentes queimando suas peles. Incapazes de encontrar sustento, experimentam a angústia da exaustão e do cansaço, e
seus corpos se tornam emagrecidos pela falta de água e comida. Chamas saem das 360 juntas deslocadas dos seus corpos. Porque eles se percebem como inimigos, eles pegam, prendem, batem e apunhalam uns aos outros e experimentam o medo de ser mortos. Além disso, porque eles são naturalmente tímidos e assustados, sentem um terror extremo por nenhuma razão em particular. Fantasmas famintos experimentam esse tipo intenso de sofrimento. Muitos fantasmas famintos vivem por cerca de 15.000 anos humanos.
As preliminares e a conclusão de cada sessão de meditação seguem o padrão das contemplações anteriores.
(Apesar das contemplações acima serem compreensíveis, há o costume de se separar uma sessão só para meditar sobre os demônios famintos que se movem pelo espaço. Uma vez que esses tipos de fantasmas famintos machucam os outros, eles nascem repetidamente nos reinos inferiores. Alguns desses fantasmas famintos sem querer ,causam mal aos outros com venenos. Alguns muito poderosos machucam batendo. Quando algum infortúnio atinge as pessoas elas culpam os fantasmas famintos dizendo “Apesar de eu não ter feito nada para merecer isso, esse demonio me fez mal!” Escutando isso os fantasmas famintos sentem angústia mental. Está ok também se isso não for feito em uma sessão separada, essa contemplação pode ser incluída em uma das sessões prévias.)
Contemplação 14
O Sofrimento do Reino Animal
Animais Vivendo Debaixo da Água: os animais vivendo nos oceanos não tem nenhuma fonte de proteção e vagam sem rumo, carregados pelas ondas. Eles comem uns aos outros. Constantemente antecipando a aproximação de um predador, eles se assustam e ficam angustiados. Sofrem angústias tão insuportáveis quanto ser engolidos vivos e assim por diante.
Animais que Estão Espalhados por aí: esses são animais que vivem entre os humanos e os deuses. Animais selvagens constantemente vivem com a mente inquieta porque são inatamente ansiosos devido aos predadores. Animais domésticos suportam as dificuldades de serem tosquiados, terem seus narizes perfurados, de apanhar ou de serem forçados a carregar cargas pesadas. Eles resistem a muitos sofrimentos associados com o fato de serem escravizados ou serem mortos devido a sua carne, sangue, pele e ossos. Além disso resistem à fome, sede, calor e frio comparáveis ao sofrimento dos seres do inferno e dos fantasmas famintos. Seu sofrimento principal é a ignorância, sabendo muito pouco, eles atacam uns aos outros e vivem em constante apreensão de ser perseguidos por predadores.
As preliminares, bases e conclusão para esta sessão de meditação seguem o padrão das contemplações anteriores.